terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Confissões de uma quase ex-adolescente...

Hoje eu estava ouvindo Jay Vaquer, Longe Aqui...
Aí parei para prestar atenção na letra da musica:

Sempre que se chateava cortava os braços com gilete pra chamar atenção (esse não era o meu caso, para mim o motivo era dar vazão às lágrimas)
Tinha carência afetiva, achava que seus pais gostavam mais do irmão...
Um dia olhou pela janela, imaginou como seria o seu voo até o chão
Mas quando pensou na sujeira que ela causaria..
desistiu, foi ver televisão.

Isso porque realmente era o que eu fazia e foi exatamente o que não tive coragem de fazer, acredite, eu já pensei em morrer, mas desisti, sei que no fim das contas eles me amam, aprendi por causa de um sabão que levei de uma prima minha que chegou enquanto eu pensava nisso e me pegou com material perfuro-cortante na mão, as pessoas hoje em dia quando sabem disso dizem que eu sou dramática demais, será mesmo ou eu apenas estava tentando fugir de algo? Do que? Foi bem essa a pergunta que minha prima fez: tentando fugir de que? Estava tentando fugir de mim mesma, quem sabe assim eu não traria tanto “desgosto” para meus pais, na época eu me sentia culpada por ter nascido, pensava que me dando um fim eu não traria mais e maiores preocupações para meus pais, sempre pensei que como havia nascido de um “acidente”, eu não era tão amada, me sentia um estorvo, me culpava por todos os problemas e brigas dos meus pais, foi quando minha prima me explicou que a culpa não era minha, eu não tinha pedido para nascer, então para que terminar com uma vida que mal havia começado(na época acho que tinha 14 anos)? Ela me falou muito mais coisas que me fizeram parar para pensar e hoje eu vejo “que absurdo eu iria cometer”. Confesso que depois disso já me “marquei” (é assim que eu chamo) várias outras vezes, mas apenas para chorar por algum motivo que eu julgava não ser digno de minhas lágrimas, então pegava meu punhal, gilete, caco de vidro, tudo que poderia cortar, furar...E me cortava um pouco, quando eu começava a chorar dizia para mim mesma que era por causa da dor, mentira eu chorava pelo motivo, mas não queria admitir... A última vez que fiz isso foi no começo do ano passado, sentada no canto do banheiro, furando meus tornozelos, tinha brigado feio com minha mãe....
Hoje não vou dizer que essa vontade louca de me cortar quando me sinto triste, sufocada, ou seja como for tenha passado, por que não passou, mas hoje eu consigo me conter. No começo do ano por causa de uma briga com meu pai, entrei pro quarto peguei um pedaço de vidro que não sei porque insisto em deixar dentro da gaveta, tentei me cortar, mas parei, as lágrimas vieram, mas sem necessidade de ver sangue e sentir a dor externa, chorei feito uma criança, mas naquele momento aprendi de vez que como qualquer ser humano eu posso me magoar ficar triste e chorar, que não necessito ser sempre forte para os outros, e que algumas vezes nós não somos os únicos responsáveis por nossa dor (apesar de às vezes ainda pensar que se estou sofrendo a culpa é apenas minha por ter me deixado levar)...
Tenho marcas nos braços, nas pernas e nos tornozelos, locais estratégicos que não são vistos com facilidade, tudo isso para evitar maiores constrangimentos, pois não explico os reais motivos de ter me cortado, digo apenas que era coisa minha, sem mais detalhes, talvez por isso me chamem de dramática...


Ah tbm gosto desse trecho aqui de uma música do Renato Russo (meu esterno ídolo): Clarisse

E clarisse está trancada no banheiro
E faz marcas no seu corpo com seu pequeno canivete
Deitada no canto,seus tornozelos sangram
E a dor é menor do que parece
Quando ela se corta ela se esquece


Bem só isso msm hoje é que senti vontade de contar um pouquinho mais sobre mim... 

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